era um lugar inacessível ou quase, no meio de ervas altas, bardana e urtigas, um lugar para onde se ia às vezes, entre cablagens oxidadas e velhas betoneiras, nos arredores da cidade, um lugar para onde se ia às vezes e de onde se vinha em silêncio, iluminado às vezes pelo amarelo das flores da serralha, um lugar para onde se ia e se lia às vezes em solidão e se perfurava o espaço com o estertor das consoantes, um lugar feio, onde o fedor da urina e das fezes se misturava ao iodo fresco do rio, um lugar entre sucata, tijolos, pó de cimento, onde cresciam tufos de trevo e mostarda, onde pequenos ratos rondavam a ferrugem de contentores esquecidos, subúrbio, um lugar por onde se caminhava às vezes em silêncio entre grafitos e mastruço e poças secas de óleo industrial, um lugar onde a tristeza dos corpos amados e arrefecidos caía com esperma sobre os altos pedúnculos do dente-de-leão e da cizânia, um lugar feio, às vezes tenebroso, de onde se avistava o comércio da noite e as constelações, um esconso, para onde se levava às vezes (guardado num bolso) um pequeno poema dobrado em quatro, onde se podia sem medo juntar os lábios e dizer «Ficas toda perfumada de passar por baixo do vento que vem / do lado reluzente das laranjeiras.», um lugar onde se podia perfurar a terra com o eco saltitante das palavras, «E crepitam-me as pontas dos dedos ao supor-te no escuro.», um lugar onde se podia ler (lia-se bem ali, em voz alta, na mais lídima solidão, repercussivamente, entre as ervas altas e sucata) «Queimavas-me junto às unhas. / E a queimadura subia por antebraço e braço / ao coração sacudido», um lugar ondena própria língua se podia saber como as palavras são outra língua, um lugar ermo, de casebres arruinados e paredes sujas e portas e janelas devastadas pelo tojo, pelas silvas, pelas hortelã, «Eu ‒ perfumado / e queimado por dentro: um laço feito de odor / transposto, ar fosforescendo, uma árvore / banhada / nocturnamente.», um lugar onde o saibro e o sangue cicatrizavam debaixo do mesmo sol (às vezes escaldante), um lugar aonde se ia como se vai a um lugar de paz, um lugar onde em certas noites húmidas se deixa o revólver no outro bolso e se cisma na imprecisa beleza dos vaga-lumes sobre a terra, e se lê como se se gritasse na mais completa solidão «Tudo em mim trazido / súbito / para o meio.», um lugar feroz onde uma certa cidade por nascer parecia (como num fantascópio) ser já nascida, «Quando este saco de sangue rodava / defronte da abertura / prodigiosa.» e o poema (ou grito) se alastrasse às entranhas do próprio tempo e nos fechassem em si mesmas altas colunas verdes (outrora ervas, vinagreiras, beldroegas, beladonas) com os seus caboucos e suas gruas e seu grés, com o seu reboco e seu betão armado, com o seu aço e vidro e violentas forças compressoras, um lugar aonde se ia como se vai a um lugar de paz, um recanto, um deserto, um paraíso feroz de coisas sem sentido, onde se ia como se vai a um lugar onde ninguém saiba que existimos (e existimos mais) e o silêncio é um espesso diamante à espera de nos capturar
Na cidade de Quioto, no antiquíssimo bairro de Higashyama, numa das casas mais humildes, próxima do templo de Kyomizudera, vive o senhor Nakata.
É um artesão legítimo e completo. Os turistas gostariam de o tornar uma atração fotográfica, ao lado das aprendizas de gueixa (as maiko) e das casas de chá. Mas o senhor Nakata, como manda a boa tradição nipónica, gosta do silêncio e da sombra, prefere o seu trabalho livre das perguntas incómodas e do olhar indiscreto dos forasteiros.
A oficina fica nas traseiras da casa. Um pequeno caminho condu-lo todas as manhãs de uma à outra e devolve-o à noitinha ao ponto de partida. É uma viagem curta, mas suficiente. O ar frio das neves ou o ar morno da primavera são-lhe igualmente maravilhosos. Os telhados recurvos do templo e a fronde rosada das cerejeiras ao fundo despertam-lhe o mesmo agradecimento que a água das fontes e o perfume do musgo do jardim.
O senhor Nakata descalça-se sempre ao entrar e permanece imóvel algum tempo, até que a visão se acostume à penumbra. Aproveita esses minutos para escrever poesia.
Escreve-a de memória, às vezes repetindo-a nos monólogos, esforçando-se por usar a palavra certa no lugar certo. É, além do trabalho manual e da poesia, cultor da sopa de miso e dos banhos de água gelada, da filosofia budista (wabi-sabi) e da obediência samurai. Acredita que cada trabalho que fizer será mais perfeito do que o anterior e que mil anos não chegariam para que se atingisse a perfeição. Mil e um anos, sim!
Ninguém sabe a idade certa deste homem. Dito de outro modo, ninguém sabe quantos anos faltam para se sentir preparado para morrer.
O senhor Nakata é paciente, laborioso e apaixonado. Depois de compor o seu poema (como quem apara uma folha de bonsai ou lhe extirpa uma erva), escolhe o papel, o couro, o molde, as linhas com que há de coser mais um caderno. Cose-os tão devagar como cose uns aos outros os três versos dos haiku. Para quê apressar o amor se pode nele morar e não noutro sítio?
Uma vez, depois da guerra, vieram dizer-lhe que o filho tinha sido encontrado morto num poço. O senhor Nakata manuseava a sovela, à luz escassa de uma lâmpada. Na sua mesa via-se uma coleção de tesouras, facas, réguas, linhas, um esmeril, giz, pilhas de papel, tiras de couro de boi e de cordeiro. O cheiro das colas impregnara todo o espaço. Os visitantes afogueavam-se, dobravam-se numa mesura fúnebre, emocionados com a tragédia. Esperavam não matar o vizinho, já então velho e atingido por várias desgraças.
Sem se mexer, sem um esgar de surpresa, o senhor Nakata escutou a notícia. Aos poucos afastaram-se às arrecuas todos os que ali foram levar-lha.
O caderno que sustinha nas mãos era esmerado, impolutamente branco, cosido com precisão. Faltava-lhe o resguardo em pele com que deveria fechar-se. Era imperioso que o papel pudesse contar com essa capa de tecido animal para permanecer no tempo, para assegurar ao futuro proprietário o prazer máximo de uma escrita lenta e longeva. Aquele caderno não seria apenas mais um objeto, mas o objeto de que alguém jamais prescindiria. Diriam «Foi este o caderno que Nakata cosia quando lhe deram a notícia da morte do filho!»
O artesão prosseguiu com a sovela, abrindo um a um os equidistantes buracos da sua dor. Depois, até que a noite sobreviesse, tapá-los-ia com orgulho como quem prende a si um destino ou uma missão na terra. Cada trabalho que fizer será mais perfeito do que o anterior. Mil anos não chegarão para que atinja a perfeição. Desejá-lo em cada dia, isso sim!
O lugar mais belo do mundo, volto a dizê-lo, já o disse tantas vezes, é a infância. De dentro das suas fronteiras sorriem velhos desdentados, velhos que conheci e que amei e que recordo agora, entre talhões de ciprestes e grandes anjos de mármore; sorriem gestos que se perderam e que regressam às tantas, num gesto involuntário, como decalcado por misteriosas mãos; sorriem memórias difusas que me ocorrem nas viagens, entre músicas dos anos 80, no ir e vir de paisagens de choupos e de várzeas. O lugar mais belo subsiste apenas no amor que dele me ficou. E ele ficou por inteiro, por atacado e para sempre!
Havia na aldeia uma alcunha a servir de tapete à porta de cada casa, alcunhas inexplicáveis, indescritíveis, intraduzíveis (próprias dos caras de merda, dos caga-baixinho, dos pica-peidos, dos espreita-cus, dos mijões, dos coça-pirocas, dos reis-bandalhos, dos caça-pardejos, dos parrecos, dos chicharros, dos escaravelhos, dos grilos, dos vacas, dos chouriços, dos presuntos, dos cabaços, dos repolhos, dos tarrucos, dos bigorros, dos choinos, dos ganheis, dos chupius, dos vinte-e-uns, dos belezas, dos pírdigos, dos estúrdias, dos sovacos), cada qual com o dignitário pai de família, espécie de general supremo, para quem as conversas convergiam a fim de se dissipar confusões de identidade.
– A que bateu na filha do Florêncio maldito é sobrinha do Afonso perna…
– A Neuza?
– Não, mulher! A Neuza é filha. Estou a falar da São. Da sobrinha. Da São passareta!
– Qual São?
– Rais parta! A São que casou com o filho do Toninho bravo!
– Ah!
– Essa…
Existia, sobretudo, o poderoso ofício de cada qual. Cada pessoa era um mester, um trabalho, uma função, tão específicos e tão inconfundíveis que se substituíam quase sempre ao nome próprio, ou que lhe acrescentavam uma aura de prestígio social ainda hoje tocantes, se lhes toco com a saudade: o sr. Bernardino tanoeiro, o Esteves capador, o sr. Marcelino guarda-rios, o Bilinho jornaleiro, o Nando curtidor, a Leonor curandeira (bruxa, com morada aberta e, nessa formidável condição, capaz de incorporar o espírito dos vivos e dos mortos), o Zequinha guarda-soleiro, o sr. Moás vedor e bufarinheiro, a Lídia dos mancebos (mamuda, libertina, iniciadora sexual, vulgívaga, prostitutíssima), et coetera, et coetera, et coetera.
As frases cirandavam com o vento, conforme a intensidade do assunto:
– Aquele grande filho da puta do moleiro vai ouvi-las: isto é lá farinha? Isto é farelo, caralho!
– Guida, olha-me só que rico bacalhau comprei ao almocreve para o Natal…
– O marmanjo do amola-tesouras levou-me vinte mil réis por me passar as facas pelo esmeril e olha lá se elas cortam.
– Mila, ó mulher, diz-me tu: ouviste o sardinheiro a apitar?
A infância habitava as varandas no verão e os telhados no inverno; habitava as cortes (todas as casas tinham uma corte, um bácoro, um cabrito, coelhos a criar); habitava as velhas lareiras e as adegas, os alpendres, os casebres de serventia duvidosa; habitava as ruas, sobretudo elas, as ruas onde eu e incontáveis miúdos em permanente algazarra brincávamos ao esconde-esconde, às apanhadas, aos cowboys, à cachaleira, à macaca, à roda, à cabra-cega, ao jogo do saco; as ruas onde com incrível poder de invenção narrávamos histórias de fantasmas e de lobisomens, histórias de gambozinos e minas mal-afamadas (esconderijo de mouras velhas de lenço preto na cabeça e verruga no nariz), histórias de feios anões que apareciam entre as samambaias junto da raiz dos carvalhos, histórias de duendes e enigmáticos animais que eram afinal homens e mulheres vítimas de encanto (porque, sendo uns e outras ou o sétimo filho ou a sétima filha, não lhes deram os imprevidentes pais o nome de Adão ou o nome de Eva, assim os condenando a vaguearem nas noites de lua cheia por sete freguesias, até que algum corajoso fizesse neles sangue e assim os desencantasse).
As ruas eram pontos de encontro espontâneos, onde se terminava o que vinha do adro da igreja, dos corredores da casa do povo, da matança do porco além, da grande fogueira que se ergueu para queimar o pai das orelheiras aquém, do velório de fulano, do enterro de sicrana. Velhos e crianças, mães ou pais, ninguém desperdiçava a oportunidade de pôr em dia a conversa sobre uma garrafa de aguardente de zimbro que se achou lá em casa, sobre o jogo do pião por vingar, sobre uma camisa linho ou de cambraia, sobre a poda, sobre uns quantos almudes de azeite, sobre a venda de uma turina, sobre vinho para comprar.
As ruas eram por si só uma medida social de difícil quantificação.
Delas, do mau solão, do péssimo cascalho, das lajes tortas, crescia um ruído honesto de carros de bois a chiar e cascos de animais, o estampido dos tamancos (com as suas tachas salientes), o pregão dos lavradores, o ribombo dos fueiros a cair, o eco da pipa desamparada, o alvoroço, às vezes os gritos, muitas vezes os berros. Nessas ruas morria no mesmo instante em que começava (para gáudio de todos) a correria de um desgraçada que aparecia à esquina, e logo atrás dele, furiosa, sem lhe poupar nos insultos, brandindo uma chibata, a mãe que o ameaçava com a polinheira, com a tareia de criar bicho, com a sova como nunca se vira. Entre essas magras ruas enormes da infância animava-se uma gente que era humana e com tempo, que era próxima e sem máscara, gente que ria, segredava, discutia, negociava, aconselhava, fazia vénia ao senhor padre, sugeria uma mezinha, propunha um defumadouro, essa gente de pele áspera e olhar vivo, pequena, mal nutrida, dobrada pelo trabalho duro, essa gente que foi morrendo aos poucos e de que às vezes me recordo nas viagens, entre laivos de uma dor sem definição, como quem viaja no tempo e se espanta do tamanho da viagem.
A infância habitava as colinas até às nuvens e por elas deslizava até ao bosquezito e aos pinhais e aos pomares, ziguezagueava entre os sulcos que a água tomava nos agros de milho e afundava-se na azenha, no escumar do ribeiro, na parte mais funda, naquela que preferíamos para mergulhar nos dias de calor. A infância nadava connosco e com os alfaiates nos bancos de algas e agriões, soltava gargalhadas triunfantes ao cruzar a pontezinha e seguia, pacificamente, para além dela, pelo meio de outros campos, de outros montes, de outros bosques, de outras aldeias, de outros lugares quietos, até se perder de vista.
A infância era, também, o cheiro da terra. O cheiro da terra revolvida pelo arado, da terra que enxadas diligentes extirpavam das ervas, o cheiro da terra puxados nos sarilhos, trazida de poços abertos, à picareta: um cheiro húmido, alcalino, áspero de terra que se mostrava ainda envolta em raízes e que apresentava, conforme a maior ou menor penumbra de onde vinha, uma cor e uma textura mais e menos surpreendente. A infância era um círculo de compasso sobre essa terra, pois tudo o que fazíamos nela radicava: jogávamos futebol no areão dos baldios, corríamos nos caminhitos rurais e quelhos enlameados, ajudávamos os adultos a semear e a colher nas leiras ao pé dos tanques, entrávamos nas grutas formadas por grandes penedias pré-históricas e argila ocre, saltitávamos nos lameiros sobre alpondras, trepávamos aos montes para nos abastecermos de cascas de eucalipto, et coetera, et coetera, et coetera. A terra estava-nos nas unhas sujas, nas grandes joelheiras barrentas sobre as calças de fazenda, na mochila imunda a pegajar de resina, nos brinquedos que manuseávamos sobre montanhas de salão e areia (era uma época de casas em construção), nas folhas esquálidas do caderno escolar (que com ódio levávamos escrevíamos, entre cinco partidas do jogo do galo), no rosto saudável e repleto de escoriações. A terra fazia parte de nós, estava-nos na alma!
A infância era, sobretudo e em suma, um modo de acontecer. E acontecia, sobretudo, no Natal!
Emociona-me, confesso, pensar nos esplendorosos natais da infância. Nesses ainda a salvo do frémito das luzes, das filas para os centros comerciais, dos cartões de crédito, do cínico vazio das montras cheias, do amor barulhento, sujo e devastador dos presentes espampanantes e compensadores que hoje se oferecem.
Na infância, o Natal era o musgo fresco, limpo e piedoso do presépio. Era o pinheiro alumiado por gastas fitas coloridas, quase sagradas. Era a confissão a que nos obrigava a catequese, o arrependimento sincero das luminosas culpas que rezávamos no ato de contrição, de joelhos, diante do sacrário com a velinha acesa, a quem dirigíamos a súplica de que o Menino Jesus relevasse as nossas fraquezas e nos deixasse uma lembrança no sapatinho (podia ser uma pijama, um par de chinelos, uns sapatos, ou m par de luvas, quem sabe um casaco novo, quente, que envaidecesse a manhã do dia 25 de mistura com as fantasias e o maço de cigarros de chocolate no bolso). E ficava a promessa, a pungida promessa, de ajudarmos em casa a descascar as batatas na Consoada, a desvestir as odiosas cebolas, a quadricular o alho, a vigiar o bacalhau empilhado e de molho no latão da Castrol.
O Natal era esse vislumbre do feerismo que nos vinha dos criativos anúncios da televisão em formato de animação (propagandeando lotarias, bombocas e camisolas térmicas), essa magia que nos chegava dos livros com ilustrações e edificantes histórias (sobre casas onde ardiam maravilhosas lareiras acolhedoras, acerca de arcas onde luzia um ouro reparador, a propósito de mesas que rescendiam a peru assado, umas e outras – todas – com finais felizes, recolhendo meninos desvalidos e idosos solitários, mulheres doentes e artistas miseráveis à beira do suicídio). O Natal iluminava-nos por dentro, em silêncio, perenemente, ao modo de um conto de Dickens.
O Natal era ainda parco, belo e veemente!
E talvez isto me diga que envelheci.
Julgo que envelhecemos quando compreendemos que esse reino poderoso nos escapa, nos morre, nos não aceita de volta. Quando nos damos conta (com espanto e dor) que algures na viagem perdemos contacto com a terra, com os cheiros das plantas, com os lugarejos entretanto desfigurados, com os campos que deram lugar a bairros e loteamentos manhosos, que perdemos contacto com os pinhais abatidos (hoje fábricas, armazéns e oficinas), que perdemos contacto com os velhos desdentados (cujo nome e uma vaga fotografia oxidam em lápides), que perdemos contacto com os objetos e profissões que de um instante para o outro se tornaram obsoletos e inúteis, que perdemos contacto com os costumes que nos passaram a merecer reprovação e horror, que perdemos contacto com a inocência que nos despatriou, com o Natal que não reconhecemos e que nos não reconhece mais…
O lugar mais belo do mundo é, sem dúvida, a infância.
Daqui a cinquenta anos, alguém escreverá o mesmo (com nostalgia atroz) sobre este tempo de agora num tempo porventura irreconhecível, paupérrimo, robótico, numa era holocientífica de nanogadgets, tecnocidades, ciberfamílias, microssentimentos, inumanidade.
Nessa altura (espero) ter-me-á sido reservado o derradeiro descanso, orgânico e natural, recordado discretamente no mesmo retrato oval que agora me comove. E talvez outros se comovam comigo. Será bom sinal, diga-se. Nem tudo estará, então, perdido!
Não podia deixar de me dirigir e de agradecer a todos os amigos que ontem viajaram até Fafe e/ou se deslocaram ao auditório da Biblioteca Municipal para assistirem ao lançamento do meu O Moscardo e Outras Histórias.
Foi magnífica, afetuosa e soberba a sessão. Revi pessoas de quem gosto muito e de quem há muito os trabalhos da vida me vinham separando. Fui surpreendido pela presença de ex-alunos, colegas, vizinhos, camaradas, leitores que quiseram conhecer os meus contos, empregando nas suas palavras de afeto o que na vida em sociedade há de mais belo e bondoso: a estima!
Agradeço, por isso, à Regina Novais e ao Renato Leite o terem trazido Mozart ao convívio dos presentes. E com que doçura!
Agradeço ao vereador, escritor e amigo Pompeu Miguel Martins o introito generoso e intimista que proporcionou, recordando como ninguém o faria o meu percurso literário, desde a pedra que chora como palavras e o Prémio de Revelação de Poesia Ary dos Santos, que a ambos nos fez jornadear até Grândola no outono de 2001 (17 anos passaram já).
Agradeço à Paula Morais a fantástica recensão que escreveu e que partilhou com o público, aventurando-se pel’ O Moscardo com a segurança de um mestre, que é, e de uma amiga, que tem sido. Impagável é esse gesto de me ler tão bem e tão em profundidade. E tão repleta de simpatia!
Agradeço à minha irmã Catarina a produção deste vídeo, que me enche de orgulho e de alegria.
E agradeço-lhe, ainda, a ela, à Marta e à Céu o apoio logístico dado durante a sessão, na organização e na venda do livro.
Agradeço aos funcionários da Biblioteca Municipal, em particular ao sr. Joaquim Gonçalves e à Carla Vaz, ligados à preparação do espaço e à receção dos visitantes.
E no fim volto ao começo deste agradecimento. A todos os que viajaram (do Porto, de Leiria, de Lanzarote, de Cinfães, de Matosinhos, de Póvoa de Lanhoso, de Felgueiras, de Guimarães, de Santo Tirso, de Braga, de Famalicão, de Amarante), a todos os que sendo de Fafe (tendo porventura tantos outros afazeres) não quiseram deixar de me acompanhar neste passo, o meu MUITO OBRIGADO!