EM NOME DA LUZ (2022)

Sétimo poemário de João Ricardo Lopes, Em Nome da Luz retoma algumas das temáticas desenvolvidas no livro anterior, nomeadamente a predileção pela música, pela pintura, pelo cinema ou pela literatura, apresentando-nos o autor como um homo viator, em busca da salvação e da redenção que só as viagens, as memórias ou a contemplação mística podem oferecer.
No último poema, onde o título do livro se explica, pode ler-se «perdoa, perdoa tudo. / em nome das manhãs frescas / dos dias quentes, em nome das ervas / que são ervas, mas valem / o teu poema, em nome das prístinas vozes / dos pássaros que se assenhoreiam da terra, / em nome da luz // perdoa. perdoa tudo»
Em Nome da Luz foi agraciado com o Prémio Nacional da Poesia de Fânzeres (31.ª edição), em 2022.

EUTRAPELIA (2021)

Recuperando o nome de uma das antigas virtudes cristãs, com o qual titula 50 poemas escritos em 2020, João Ricardo Lopes assinala com Eutrapelia a sua preferência pelas coisas simples, pela terra e pelo silêncio, viajando (e convidando o leitor a consigo viajar) pela Europa física e pela Europa da literatura, da música, da pintura, do cinema, naquela que é, também, uma viagem pela sua própria existência.
Poesia de minudências, de flagrantes, de momentos avulsos, singulariza-a a obsessão pelo instante eternamente fugaz e belo da criação, «este ponto exato / em que o ínfimo e o infinito segregam o instante / e em vidro solidificam»
Eutrapelia assinala o vigésimo ano de vida literária do autor.

O MOSCARDO E OUTRAS HISTÓRIAS (2018)

Depois de um interregno de sete anos, João Ricardo Lopes regressa em 2018 às publicações literárias, desta feita com O Moscardo e Outras Histórias, um volume de pequenos contos com quase trezentas páginas, escritas ao longo da última década.
O livro faz parte, no entender de Paula Morais (autora do posfácio), de uma “linha de narrativas problematizadoras do real”, resultantes das viagens do autor por diversos países e do seu olhar irónico, humorístico até, em relação aos problemas da nossa sociedade: “Os contos funcionam como um imenso painel constituído por diversos azulejos onde se recriam situações do mundo hodierno” lê-se ainda no posfácio.
Inspirado no grande inseto que Adriaen Pietersz van de Venne pintou no quadro “A Pescaria das Almas” (1614), João Ricardo Lopes abre a sua obra com um estranho e paródico episódio ocorrido durante a noite no Rijksmuseum, para depois no relatar o encontro de Emil Corian com o Diabo, em agosto de 1939, ou o assassinato do astrónomo Tycho Brahe às mãos de um matemático louco. Ao todo são 86 as histórias que captam o absurdo de muitos flagrantes da vida real e literária.

REFLEXÕES À BOCA DE CENA / ONSTAGE REFLECTIONS (2011)

Volume bilingue (português e inglês), composto por 50 poemas, no qual se faz alusão ao universo do teatro e onde se tece irónicas considerações sobre o quotidiano da personagem central (mistura de eu e nós poético).
Serpenteando os limites do dizer poético, pelo que no seu conjunto se deixa entremear de teatro e irónica filosofia do quotidiano, Reflexões à Boca de Cena de João Ricardo Lopes predispõe o leitor a aventurar-se a uma análise da psique humana e a superar o gueto pós-moderno das palavras, mesmo quando sobre elas paira uma relativa descrença: se ao menos as palavras não fossem / copos tão sujos.
Obra ontológica a radice, lemo-la no palco movediço e impreciso do mundo, por exemplo nas pedras de um velho cemitério: «leio-lhes o nome, a memória, a laje lavada / vagas sinopses grafadas de trás para a frente / musgo verdíssimo no meio da cronologia. (…) / musgo verdíssimo, disse, comendo-nos o nome / que a vida é isto. uma unhas-de-fome.»

DOS MAUS E BONS PECADOS (2007)

Depois de quatro livros de poesia, João Ricardo Lopes publicou em 2007 o seu primeiro livro de crónicas, Dos Maus e Bons e Pecados (Opera Omnia), uma coleção de pequenas narrativas onde o escritor desenvolve a sua apetência pela ficção e onde assume, não raras vezes, uma postura ideologicamente ativa e comprometida com causas sociais.
Cláudio Lima resume deste modo a obra: “Mais do que uma promessa, esta obra confere ao cronista o estatuto de confirmado, não tendo eu engulhos em considerar estes textos na linha do que de melhor no género vão escrevendo Lobo Antunes, Mário Cláudio, Baptista Bastos ou Fernando Venâncio e escreveram os infelizmente já desaparecidos Alexandre O’ Neill, Cardoso Pires ou Eduardo Prado Coelho. São cinquenta e três peças de natureza vária, reunidas sob um título tão sugestivo e provocatório como ferido de heterodoxia. Pela moral religiosa não há pecados bons; eles são, em essência, todos maus, apenas variando a sua maldade (ou malignidade) de acordo com o preceituário transgredido e o maior ou menor grau de consciência transgressora. O título foi retirado de uma das crónicas (pg. 85) e nela o autor fala dos pequenos prazeres induzidos ou deduzidos pelas circunstâncias propiciadoras de pecado, sobretudo para a malta jovem: os locais de diversão nocturna com as insinuações eróticas de Madonna, um pifozito, umas passas ou tragadas e, sobretudo, umas teens frenéticas e liberadas, se possível em mini-saia de cabedal…” (Lima, 71-2).[1]
Pendulando entre a ficção e a realidade, entre a crónica propriamente dita e o conto, Dos Maus e Bons Pecados representa a primeira tentativa consolidada do autor de superar a “tirania do lirismo”, dando continuidade ao diário que mantém no seu blogue e ao “anseio de enveredar futuramente pela ficção”
[1] Lima, Cláudio (2011), “Dos Maus e Bons Pecados – Crónicas de João Ricardo Lopes”, in Os meus amores – Letras do Minho, Braga, Calígrafo (pp.71-6).

DIAS DESIGUAIS (2005)

Dias Desiguais, pode ler-se como a síntese dos anteriores, combinando o fascínio pela metapoesia com um olhar irónico, mas também pessimista, sobre o Homem e o Tempo, aspetos entre si menos contraditórios do que complementares…
Nesta obra sobressai o apego ao quotidiano e o recurso a traços retórico-discursivos próprios da oratória, evidenciando a preferência do autor pela lição de Wisława Szymborska, escritora que profundamente marcará a sua arte poética nos anos subsequentes.

CONTRA O ESQUECIMENTO DAS MÃOS (2002)

Conjunto de 84 poemas, divididos em sete quadros: «o lugar de onde viemos», «contra o esquecimento das mãos», «das tardes», «a noite de um homem», «memórias», «pequenas ilhas interiores» e «dos silêncios». Com Contra o Esquecimento das Mãos, João Ricardo Lopes questiona o poder do ofício poético contra o esquecimento que a finitude e a morte sempre acarretam.
Vários poemas deste livro foram reunidos por Jorge Reis-Sá em Anos 90 & Agora (Quasi Edições, 2004) e forma traduzidos para servo-croata, por Tatjana Tarbuk (Nova portugalska poezija, Hrvatsko Drustvo Pisaca, Zagrev, 2005); e para castelhano, por Jesús Losada (9 de 9 – Poesia actual portuguesa, CELYA, Salamanca, 2007).
Contra o Esquecimento das Mãos apresenta-se como um polígono, onde os diversos tópoi do universo poético de João Ricardo Lopes se percebem já completamente definidos, entre eles a preponderância da memória, o jogo poesia-morte e a metapoesia.

ALÉM DO DIA HOJE (2002)

Escute poemas desta obra aqui
Volume galardoado com o Prémio Nacional de Poesia da Vila de Fânzeres (12.ª edição, em 2001), obra hoje esgotada. Além do Dia Hoje é um breve poemário, cuja produção é anterior à de A Pedra Que Chora Como Palavras, no qual João Ricardo Lopes explora metapoeticamente o amor pelas palavras e pelo universo da criação literária, ao mesmo tempo que rememora a infância e lugares-instantes que marcaram a sua existência.

A PEDRA QUE CHORA COMO PALAVRAS (2001)

Livro de estreia de João Ricardo Lopes, vencedor do IX Prémio Revelação de Poesia Ary dos Santos, atribuído por um júri composto por José Correia Tavares, Baptista-Bastos e Manuel Frias Martins, em representação da Associação Portuguesa de Escritores e da Câmara Municipal de Grândola.
