«O Moscardo» na Escola Secundária de Fafe

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Há pouco mais de uma semana, a Biblioteca da Escola Secundária de Fafe recebeu-me calorosamente em mais uma viagem de O Moscardo e Outras Histórias, praticamente na celebração do aniversário do seu lançamento.

Ora, é desse tempo e dessa viagem que se têm construído algumas das minhas melhores memórias recentes. Porque o livro, que se quis sem editora e imaculadamente meu, deixou e vai deixando de me pertencer, lido e analisado já por leitores de todo o país, de idades tão distintas como as que separam os meus jovens sobrinhos dos meus pais, de lugares tão diferentes como os que vão de uma amada aldeia incrustada na serra algarvia a uma universidade nos EUA ou a uma ilha do Pacífico.

No dia 28 último, alunos e professores do Agrupamento de Escolas de Fafe deram voz aos pequenos contos do meu livro, iluminando-a com a voz e a música e o teatro e a ciência da sua leitura. Chovia tanto nessa feia tarde de novembro. E foi (e já) uma memória tão bonita!

Ainda que pessoalmente haja agradecido ao Carlos Afonso e à Sara Freitas, ao Augusto Lemos e à Gabriela, à Esperança e ao António Joaquim, aos colegas de Departamento e aos que dele não fazem parte mas que quiseram assistir ao encontro literário em torno de O Moscardo, aos alunos das turmas 10.º J e 12.º M, aos funcionários envolvidos, reitero o meu muito obrigado!

Dessa sessão resultaram as belas fotografias que deixo em rodapé e a leitura da Sara Freitas que hoje publico (bem-hajas, Sara!) e que passará doravante a pertencer ao arquivo crítico desta página.

Posso somente, e em jeito de súmula, desejar que este grande inseto (António Joaquim Gonçalves lembrou oportunamente o significado do moscardo, animal espezinhador dos camponeses) continue a voar. E a perturbar o nosso silêncio.

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Muito obrigado!

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Pompeu Miguel Martins, João Ricardo Lopes e Paula Morais

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Não podia deixar de me dirigir e de agradecer a todos os amigos que ontem viajaram até Fafe e/ou se deslocaram ao auditório da Biblioteca Municipal para assistirem ao lançamento do meu O Moscardo e Outras Histórias.

Foi magnífica, afetuosa e soberba a sessão. Revi pessoas de quem gosto muito e de quem há muito os trabalhos da vida me vinham separando. Fui surpreendido pela presença de ex-alunos, colegas, vizinhos, camaradas, leitores que quiseram conhecer os meus contos, empregando nas suas palavras de afeto o que na vida em sociedade há de mais belo e bondoso: a estima!

Agradeço, por isso, à Regina Novais e ao Renato Leite o terem trazido Mozart ao convívio dos presentes. E com que doçura!

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Assistência no Auditório da Biblioteca Municipal de Fafe

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Agradeço ao vereador Pompeu Miguel Martins o introito generoso e intimista que proporcionou, recordando como ninguém o faria o meu percurso literário, desde a pedra que chora como palavras e o Prémio de Revelação de Poesia Ary dos Santos, que a ambos nos fez jornadear até Grândola no outono de 2001 (17 anos passaram já).

Agradeço à Paula Morais a fantástica recensão que escreveu e que partilhou com o público, aventurando-se pel’ O Moscardo com a segurança de um mestre, que é, e de uma amiga, que tem sido. Impagável é esse gesto de me ler tão bem e tão em profundidade. E tão repleta de simpatia!

Agradeço à minha irmã Catarina a produção deste vídeo, que me enche de orgulho e de alegria.

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Sessão de autógrafos

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E agradeço-lhe, ainda, a ela, à Marta e à Céu o apoio logístico dado durante a sessão, na organização e na venda do livro.

Agradeço aos funcionários da Biblioteca Municipal, em particular ao sr. Joaquim Gonçalves e à Carla Vaz, ligados à preparação do espaço e à receção dos visitantes.

E no fim volto ao começo deste agradecimento. A todos os que viajaram (do Porto, de Leiria, de Lanzarote, de Cinfães, de Matosinhos, de Póvoa de Lanhoso, de Felgueiras, de Guimarães, de Santo Tirso, de Braga, de Famalicão, de Amarante), a todos os que sendo de Fafe (tendo porventura tantos outros afazeres) não quiseram deixar de me acompanhar neste passo, o meu MUITO OBRIGADO!

«O Moscardo e Outras Histórias»

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Acabar um livro é uma pretensão inútil. Um livro não é acabado nunca, pela simples razão de que o autor o rescreveria mil vezes se tivesse oportunidade e paciência, pela mais correta razão de que o leitor (juiz absoluto) o há de ler de um modo em que lhe pareça sempre mais acertado, mais correto e mais perfeito, pela definitiva razão de que o tempo o recontextualiza, o mantém em aberto (mesmo que pareça fechado), agitando as suas palavras, as suas ideias, o seu alcance…

E, por isso, me parece quase doentio que tenha sofrido nas últimas semanas para concluir, terminar, encerrar O Moscardo. Pede-mo a gráfica (em desespero de causa, que os prazos são imperiosos). Pede-mo a família (contagiada pela loucura e pelo cansaço das minhas sucessivas correções). Pedem-mo os amigos (desejosos que a promessa de anos se cumpra e os contos vejam a luz do dia – que a da noite, a luz das lâmpadas e a do ecrã do computador, já eles têm por mãe neste demoradíssimo parto). Pedem-mo os colegas de escola (para quem estes textos serão, assim esperam eles e eu, motivo de análise e de estudo e, mais ainda, de entretenimento e deleite nas aulas). Pedem-mo a minha consciência e a minha vontade e o meu orgulho, seguros de que chegado eu à idade de quarenta e um anos devo acreditar no que acredito sem reservas e contaminação, valendo isto para O Moscardo como para o enorme resto de que a minha vida é feita.

Arrisco a frase: acabei há cerca de uma hora a derradeira correção. E, com ela, ou depois dela, guardo a terrível sensação de que as 274 páginas aquilatam muito e muito pouco! E não é falsa modéstia, nem oxímoro gratuito, nem obsessão. É antes a manifestação em mim do quanto poderia ter escrito em vez daquilo. É a angústia de saber que mais uns meses e talvez pudesse chegar a outro lado, não diria a uma obra-prima, mas a uma obra-irmã, dando à voz que discorre nas 86 histórias uma maior ousadia, uma volúpia mais sublime, uma atenção mais apaixonada sobre o objeto do seu interesse. O único mérito que julgo ter-me escapado aqui e acolá: a coragem de se despir integralmente!

Para o bem ou para o mal, O Moscardo voará. A partir de agora, deixa de estar nas minhas mãos.

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