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A minha avó era enfermeira, chamava-se Mabília Roriz, disse o fulano lingrinhas. Cuidava de hortênsias e fazia abortos nas traseiras de sua casa, onde entravam as moças, mas nunca a polícia. Foi a primeira mulher a fumar nos cafés da vila, onde a vinham escutar os bufos e os bons.
Percebia-se nestas palavras e noutras um enorme orgulho filial.
A minha avó chamava-se Amélia. Teve dez filhos, de que vingaram sete. Criou-os como pôde, sem mais dados relevantes que isto: manejava teares mecânicos com a mesma destreza com que punha uma enxada na terra. Era desbocada, honesta e amiga dos pobres.
Deverei ufanar-me?