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Poemário de João Ricardo Lopes, vencedor da 12.ª edição do Prémio Nacional de Poesia da Vila de Fânzeres, atribuído por aquela autarquia em 2001, tendo o júri sido presidido pelo escritor Fernando Campos.
O livro, escrito antes mesmo de A Pedra Que Chora Como Palavras, partilha com esta última uma parte significativa do seu corpus textual, orbitando os 34 poemas de Além do Dia Hoje o tema da metapoesia, com alusões recorrentes ao ato de escrita e aos elementos que a materializam (palavras, saliva, caneta, tinta, papel, caderno, folha A4, parágrafos, etc.).
Maria Fátima Saldanha sobre ela escreveu: “Como é de esperar num autor jovem, as questões fundamentais da sua invenção literária não podem ainda considerar-se definitivas, aspecto em si estimulante pelo muito que nos permite aguardar das suas possibilidades.” Ao mesmo tempo, assinalou que neste volume “Desenha-se a pouco e pouco a proposta de uma escrita filosófica, arvorada em princípios existencialistas, rompendo subtil e voluntariamente com o ónus das heranças culturais recebidas. Metafísica e física não se dilaceram, antes se supõem reciprocamente: “além/ o campanário/ e os velhos sinos de ferro// a nuvem passa sobre/ o campanário/ e os sinos deixaram/ de tocar: a igreja nem exista/ talvez…// … deus apenas, a passar/ por sobre aquela nuvem”.
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Ano de Edição: 2002 | Editora: Freguesia da Vila de Fânzeres | Páginas: 44.

